segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Mesmo que tenha sido eu.

Gira o sol em torno dele mesmo,
A terra continua na sua,
Todos parecem viver,
Até que chega a hora de pensar
A meio da travessia
Que margem do rio vou escolher?
Se tivesse asas, andaria no chão?
Se a vida nos desse mais uma oportunidade
viveríamos a média força?
Quando o sonho nos destrói
Por não ser o que esperávamos...
Porquê?
Porquê que deixar custa?
Eu ainda me interrogo
Mesmo sem nada saber;
Já dizia o outro
Que para amar é preciso viver.
Ver o arco-íris a preto e branco
Ver no futuro um futuro manso.
Não quero!
Não quero viver no "se",
Eu quero dizer "já"
Com todas as forças de dentro de mim
E mais algumas que por aí há
Que a felicidade não seja festa
Mas sim habitual.
É como ir à batalha sem arma,s
É tipo guardar e sofrer
Mas que raio de coisa é esta?
É viver? NÃO!É sobreviver!
Quem me pôs aqui
Que me tire já
Mesmo que tenha sido eu.


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quinta-feira, 14 de julho de 2011

É

Em cada passo
Em cada levantar
É mais que um andar
É um forçar de vontade

É um suspiro mal dado
É uma corrente eléctrica
É um tristeza que todos compreendem
É disfarçar a água com fogo

É o desejo de o barulho não parar
Por saber que um barulho pior está por trás
É não sentir o que se é
É fingir que não penso
Forçando-me a mim mesma a apagar aquilo que invejo

É da minha vida de que se trata
É só isso, sim
É quando o que sou não está aqui
É quando o que está aqui é apenas a sombra já gasta e habituada a ela mesma

É impulso igual a luz
É dormir durante a vida
Esperando não morrer amanha
Porque o procurado
É que presente venha em forma de Presente

É viver através da ponta de meus dedos
É ver em letras o que quero ouvir
É sonhar com o que sentir
É dormir de olhos abertos

É não conseguir parar de escrever
Por sentir que é atalho
De tão longo caminho que nem a meio vem

É querer que se calem
Por eu própria não saber o que mais dizer
É peste contagiosa
Que encontrou casa em algo quase inabitável, eu.

É triste, não é?
Não é triste?
É.

domingo, 19 de junho de 2011

Retórica

É pena que quando eu morra me queiras de volta.
No que toca à vida não há ressonância,
Não há quem te vá lá buscar, à morte,
Há morte!

Não há quem te chegue perto e te toque nos sonhos
Não há o que te faça impedir de morrer
Tiras fotos e ficas bonita
Tira uma foto agora que estou morta, tira!

Os mortos são os que vieram
Por esta sucessão de lógicas
O inverso joga e ganha,
É a retórica.

Não passas de pó
Que o destino deixou para trás
Lá estou eu, ser egocêntrico...
Deixa-te disso miúda

Não há fim sem meio
Corto-te os fios
Agora anda marioneta
Como se tivesses vida própria.

Os pensamentos não têm olhos
Que puros que eles são....










terça-feira, 10 de maio de 2011

Cortem-nos as rédeas e não as asas!

Há qualquer coisa cá dentro,
Cá dentro não sei onde
Como os semáforos que bailam na madrugada sem que ninguém os veja,
Sem que ninguém os veja!
A azáfama da alma não me deixa descansar, a angustia e o nervosismo de já não estar no colinho da minha mãe há demasiado tempo, ai...
É isto e aquilo, sempre a puxar, sempre a puxar, sempre a puxar pelo burro de carga cego e velho com a vida tão grande pela frente.

Cortem-nos as rédeas e não as asas!
Parar também é verbo,
Eu também sou gente!

E a vida segue assim, mais parada que lenta
Enforcados em água-benta
Que nem morrer fizeram bem,
Nestas vidas que a gente tem!


Forcados que montam
As ruínas do que era alguém
Porque alguém afinal achou
Que sonhar não fazia bem

O "calada" tentei adoptar,
Veia interrompida não deixou,
Minhas tropas mandei avançar
Disse o sangue que fervilhou.

Acabou.












segunda-feira, 28 de março de 2011

Volta a tez que me voltou

Levemente volta a tez que me voltou.
E a sorte do teu parecer presente para além do mar é só minha.
Voltei novamente a escrever sobre ti
e quem já está cansado de saber de teu paradeiro dê então o que falar.
A esse fundo vou me agarrar com estes olhos que o mar já comeu, pai dele mesmo...
E dos sorrisos ninguém fala porquê?
Porque de breves brisas ninguém se lembra
Porque também a breve gente ninguém liga.
Como o frio em minha pele
Como garganta que seca progressivamente
Parti desejos moribundos que agora recordo
Perdi, graças a Deus, a oportunidade de continuar assim
Mas bem que o oceano se moveu
Para fazer disto,agora decorrendo, algo impossível.
Que a todas essas almas venha o Diabo e as teça porque de boa vontade estão elas cheias
Que vá para o raio que as parta a doçura com que eu te escrevi
Que venha a divina graça dizer o que correu mal
Vira o tempo e chove o mesmo.
Fartinha me encontro de escrever assim.

sábado, 19 de março de 2011

Água-rás e nada na cabeça.

Histórias de amor são como o Inglês. fica sempre bem. Mas por vezes um cheiro a casa é como uma taça de cereais para mim...
Escreverei aqui um breve testamento de alma enquanto tenho idade para fazer algo assim.
Lembrar-me-ei para sempre do cheiro a água-rás que entra nas vias sem pedir licença e que com ela trás um gosto tão prenunciado a liberdade da adolescência.
Terei na memória o tecto de vidro que se instalou sobre mim fazendo com que me lembra-se de que eu era também transparente.
As pinturas nas portas, algumas com um q.b. de mórbidas, que eu tenho o gosto de trespassar são tão alegres e vivas como o artista que um dia as pintou.
Os gritos, os artistas, o sol pelas vidraças, a estupidez e a parvoíce das miúdas e dos miúdos...
A forma como tentamos (tentávamos) parecer lutadores do mundo com nada mais na cabeça a não ser qualquer coisa e paixão, e por agora é tudo o que precisamos.
Sentam-se agora os meus companheiros de asas num banco velho de autocarro que está no corredor das nossas vidas, o banco tem um rasgão.
Eu agora vou para a aula, o professor chegou.
Fim do testamento.

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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Uma vez desaparecido, uma vez desejado.

Mesmo com riscos e rabiscos deitados em ti, eu consigo de ler.
Passo dias e dias sob a luz da Lua a tentar ver alguma coisa com estes olhos que tanto esforço, que tanto mato por tentar viver.
Pobres e amargurados olhos que não captam nada, nem sobras de vidas, nem o raio que parta.
Que coelho veloz passou aqui?
Que alma dormente não me vê?
No dia em que aparecer novamente, vai ser o mesmo dia em que mais nada saberás de mim.
Uma vez visto, um vez ignorado
Uma vez desaparecido, uma vez desejado.
É assim a triste lei da minha alegre vida.
Não sei porque desapareci à tua frente, estavas a olhar para mim com os teus olhos que tanto precisavam de uma mãe e eu estúpida te adoptei.
Bichinho de faz de conta, essas tuas pestanas longas que com apenas um sopro me transportaram para aqui, desapareceram também das tuas gargalhadas, agora partilhadas com outro.
Vivo, ignoras-me.
Morro, demoras-me.
Sou como o instrumento que toco, onde tudo tem ressonância, onde enquanto toco ninguém me liga, depois de morto, mesmo pedindo, ninguém me desliga.
Que raio de coisa é esta?
Viverei então para me ignorarem para só quando morrer me lembrarem?
Com pena minha ainda vão ter muito de mim para ignorar.
Olá


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Cinza de Caramelo

Eu não tenho consciência com que falar,
Não tenho prazer em manusear
O que quis fazer de mim.
Identifico-me mais contigo na mão
Do que com uma mão em mim
Mudando agora, sinto-me só
É triste que ser triste é normal para mim
É triste que ser triste é ser assim.
Calor no inverso do que vês
Aquece as águas que derramei,
Como se eu soubesse o que não é derramar.
Se a dor do prazer fosse prazer de dor
Que era eu de mim, Senhor?
Perguntas como estas faço em vão
Como vento preso em minha mão...

Sou um animal encadeado pela morte
Sou borboleta de luz cega
Égua de palas esverdeadas
Fogo que escorrega

Anjo que pragueja
Não mata mas mói
Lápis que gagueja
A escrever o que dói

Pó de borracha branca
Cinza de Caramelo
Desfila a modelo manca
Chora a viúva que velo