quinta-feira, 14 de julho de 2011

É

Em cada passo
Em cada levantar
É mais que um andar
É um forçar de vontade

É um suspiro mal dado
É uma corrente eléctrica
É um tristeza que todos compreendem
É disfarçar a água com fogo

É o desejo de o barulho não parar
Por saber que um barulho pior está por trás
É não sentir o que se é
É fingir que não penso
Forçando-me a mim mesma a apagar aquilo que invejo

É da minha vida de que se trata
É só isso, sim
É quando o que sou não está aqui
É quando o que está aqui é apenas a sombra já gasta e habituada a ela mesma

É impulso igual a luz
É dormir durante a vida
Esperando não morrer amanha
Porque o procurado
É que presente venha em forma de Presente

É viver através da ponta de meus dedos
É ver em letras o que quero ouvir
É sonhar com o que sentir
É dormir de olhos abertos

É não conseguir parar de escrever
Por sentir que é atalho
De tão longo caminho que nem a meio vem

É querer que se calem
Por eu própria não saber o que mais dizer
É peste contagiosa
Que encontrou casa em algo quase inabitável, eu.

É triste, não é?
Não é triste?
É.